Só para resumir um pouquinho: O ser humano sempre usou pele animal para se proteger do frio. Os filmes normalmente antigos retratam as pessoas ricas usando aqueles casacos enormes de pele por ser mais um sinônimo de riqueza, mas acho importante deixar claro que as pessoas mais pobres também usavam pele animal, a diferença estava em como eram produzidas, o tipo, o animal e o acabamento de costura. Antes mesmo da forma como nos vestimos virar status, as peles animais já eram utilizadas com uma frequência muito maior do que hoje, para proteger e esquentar.
Com a industrialização e avanço da tecnologia, chegamos a um ponto que usar pele para se esquentar, não é mais necessário, pois outros materiais (incluindo peles sintéticas) já dão conta do serviço. Isso criou uma barreira gigante no mercado de pele animal, fazendo com que na década de 1980, um movimento gigantesco contra o uso de peles causasse esse tabu, que durou quase 30 anos, e que na verdade, ainda existe.
Não foi só o uso da pele animal que caiu de moda. O pelo em sí, virou sinônimo de ostentação e exagero, parando de ser considerada bonita a muito tempo atrás. Mas atualmente, depois de muitas grifes e nomes importantes da moda voltarem a criar e usar esse material na versão sintética, a tendência voltou com tudo. Como a tendência é o material, e não a origem, os casacos e acessórios de pele originalmente animal voltaram "mascarados" pelos sintéticos. Por isso, hoje em dia marcas de luxo como Chanel, Burberry e Fendi, trabalham tanto com pele sintética quanto verdadeira. O uso do falso, deixou o verdadeiro mais aceitável.
Mas é aí que está o que me incomoda. Eu sou desses que acha que para você defender uma causa, tem que defender direito. Se você quer virar vegetariano, vegano, seja o que for, você tem que saber o porque você quer isso. Ser vegetariano sem saber todo o processo de produção da carne, é totalmente contraditório. Se você vai deixar de tomar leite, que é uma coisa natural dos mamíferos (a vaca no caso), você tem que saber de qual forma ela é prejudicada na produção desse leite, certo?
Em lugares muito frios como a Rússia e a China, a pele animal nunca deixou de ser usada. A única coisa que mudou foi que os consumidores começaram a exigir uma melhor qualidade de vida e morte menos sofrida para os animais. Hoje em dia, os produtores dizem que os animais destinados a esse tipo de produto, tem uma melhor qualidade de vida do que os destinados a carnes e couros em geral.
Outra coisa muito importante, e pouco falada, é que a produção de muitos tipos de roupas é prejudicial para o meio ambiente. Para deixar aquela camisa branquinha do jeito que todo mundo quer, as fábricas usam um produto super tóxico, que acaba matando muitos peixes. Os clareadores de roupa branca que a gente usa em casa também contém produtos químicos que prejudicam, e muito, o meio ambiente. Jeans também não são nada bons para a natureza, pois gastam muita água para a coloração, e depois, mais água na descoloração, para deixar aquele degradê bonito. Na verdade, qualquer roupa é prejudicial, pois muita água e energia é utilizada na produção, tratamento e limpeza dessas roupas, que no fim, acabam no lixo. Você deve fazer sua parte doando suas roupas para alguém ou algum lugar, mas um dia, depois de virar pano de chão, elas vão acabar no lixo.
Voltando a briga, se deixarmos o fato do animal em sí de lado, e formos para o meio ambiente, os a favores e os contra ainda não conseguem se explicar direito. Existem pesquisas que dizem que para fazer apenas 3 casacos de pele falsa é utilizado um galão cheio de óleo, já outras dizem que a pele verdadeira exige mais energia do que a falsa. Produtores apoiam que os casacos de pele animal são 100% degradados, enquanto os falsos não. Por outro lado, os cientistas que são contra dizem que após todo o processo, a pele deixa de ser degradável.
Resumindo: essa é uma pesquisa que pode levar semanas, e eu só queria mostrar para vocês que existe muito mais do que um animal morto por traz de tudo isso. Particularmente, não sou contra os casacos de pele, porque acho que é uma coisa natural, assim como comer carne. Mas acho que hoje em dia não é necessário a pele ser verdadeira para ser bonita e confortável. Coloquei hipocrisia no título, porque muita gente é contra, tem dó, e faz escândalo em relação a isso, mas usa couro normal. Não tem diferença alguma entre os couros mais comuns (vaca, porco e carneiro), e os couros exóticos (crocodilo, cobra, avestruz.....). Ambos são criados em fazendas, para um dia serem mortos e virarem produto de consumo , então essa frescura com o "diferente", só mostra falta de informação.
Importante lembrar que o couro nem sempre é aproveitado do animal que foi morto pela carne, principalmente quando estamos falando da produção de roupas. A pele do animal que foi morto para virar carne é sempre aproveitada, mas normalmente para outros produtos de couro, ou itens de vestimenta para fazenda. O curtimento do couro (ausente na produção de casacos e produtos de pele) utiliza cromo, que por ser muito prejudicial ao meio ambiente, tem sido um grande problema para as indústrias.
A minha opinião final é a seguinte: cada um sabe o que quer e o que vale a pena, mas para criticar algo, você tem que saber sobre o assunto. Existem milhares de irregularidades na indústria da moda, principalmente na produção. Por ser uma coisa aparente, a pele animal é criticada, mas uso de produtos extremamente tóxicos e produção praticamente escrava (trabalhadores em Bangladesh recebem em média 38 dólares por mês) também são tópicos importantes, porém raramente debatidos, pois como ninguém vê, as pessoas se acomodam e preferem pagar menos.
Espero que tenha dado para entender a minha opinião, e para refletir um pouco sobre a de vocês. Muitas das informações que eu usei nesse post eu pesquisei na internet para me aprofundar sobre tópicos que me interessaram no livro Why Fashion Matters.
Abraços, Lucas.
Espero que tenha dado para entender a minha opinião, e para refletir um pouco sobre a de vocês. Muitas das informações que eu usei nesse post eu pesquisei na internet para me aprofundar sobre tópicos que me interessaram no livro Why Fashion Matters.
Abraços, Lucas.
Bryan Boy
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